Lei e biometria: como adequá-las à sua empresa em 4 passos

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A tecnologia biométrica tem revolucionado a maneira como empresas operam em áreas como saúde, segurança no trabalho, autenticação e gestão de informações sensíveis. No entanto, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades — e nesse caso, a principal delas é garantir a conformidade com a legislação, especialmente quando envolve lei e biometria

O uso de biometria, por sua própria natureza, envolve o tratamento de dados extremamente sensíveis. Seja no controle de acesso a ambientes, autenticação em sistemas digitais ou até mesmo em processos de recrutamento, o armazenamento e processamento de dados biométricos exigem um nível elevado de segurança e atenção.

Para gestores e empresários, o desafio vai além da implementação da tecnologia: é necessário compreender profundamente as obrigações legais, os riscos associados e as boas práticas para proteger as informações de clientes e colaboradores. 

Muitas empresas ainda têm dúvidas sobre como alinhar seus processos internos à LGPD enquanto usufruem dos benefícios da biometria. É aí que este artigo entra em cena. Aqui, você encontrará um passo a passo detalhado para entender a relação entre lei e biometria e como ajustar sua empresa para atender aos requisitos legais sem comprometer a eficiência ou a inovação.

O objetivo não é apenas evitar penalidades legais, mas também construir uma relação de confiança com seus stakeholders, demonstrando que sua organização valoriza a privacidade e a segurança. 

Abordaremos desde os fundamentos legais até a implementação prática de medidas que garantam a conformidade. Se você está considerando ou já utiliza tecnologias biométricas, este guia é essencial para que sua empresa avance de forma segura e responsável.

O que é a LGPD e sua relação com dados biométricos?

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sancionada em 2018 e em vigor desde 2020, trouxe à tona uma nova era na forma como empresas e instituições tratam dados pessoais no Brasil. 

Inspirada em legislações internacionais como o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia, a LGPD estabelece diretrizes claras sobre como dados devem ser coletados, armazenados e utilizados. Seu objetivo principal é garantir a privacidade e a segurança dos indivíduos, promovendo maior controle sobre suas informações pessoais.

Os dados biométricos são destacados na LGPD como uma categoria de “dados sensíveis”. Essa classificação é atribuída a informações que possuem um alto potencial de identificar um indivíduo de forma única e, portanto, exigem tratamento diferenciado e maior proteção. 

Exemplos de dados biométricos incluem impressões digitais, reconhecimento facial, leitura de íris, padrões de voz e até características comportamentais, como a maneira de digitar ou caminhar. Esses dados, devido à sua natureza inalterável, são altamente valiosos, mas também podem ser perigosos em mãos erradas.

Por que a biometria está se tornando popular?

O uso de biometria ganhou popularidade nos últimos anos devido à sua precisão e eficiência em processos de autenticação e segurança. Empresas têm adotado tecnologias biométricas em diversas áreas, como controle de acesso, validação de identidade e personalização de serviços. 

No entanto, o tratamento inadequado desses dados pode gerar sérias consequências legais e reputacionais. A LGPD, nesse contexto, atua como um regulador, exigindo que empresas demonstrem responsabilidade e transparência ao lidar com informações sensíveis.

Para estar em conformidade com a LGPD, as empresas devem cumprir uma série de requisitos. Isso inclui garantir que os dados biométricos sejam coletados para finalidades legítimas e específicas, informando claramente os titulares sobre o uso dessas informações. 

Além disso, é fundamental adotar medidas de segurança eficazes para proteger os dados contra acessos não autorizados e vazamentos. A lei também estabelece que os titulares têm direitos sobre seus dados, como acesso, correção e exclusão.

Não cumprir essas exigências pode resultar em multas significativas, suspensão de atividades e danos irreparáveis à reputação da empresa. Por isso, entender a relação entre a LGPD e os dados biométricos é um passo essencial para qualquer organização que deseje implementar essas tecnologias de forma ética e legalmente segura.

Quais são os 4 passos para adequar lei e biometria na sua empresa?

Vamos, agora, às etapas que devem ser seguidas.

Passo 1: compreender a legislação aplicável

O primeiro passo para adequar sua empresa ao uso de biometria dentro dos padrões legais é compreender profundamente a legislação aplicável. Não basta saber que a LGPD existe; é crucial entender como ela se relaciona com os dados biométricos e quais são as implicações práticas para a sua operação.

Isso envolve estudar detalhadamente os artigos da LGPD que tratam de dados sensíveis, como os artigos 5º, 6º e 11º. Esses dispositivos definem o que são dados sensíveis, estabelecem as bases legais para seu tratamento e especificam os direitos dos titulares. É importante também consultar regulamentações específicas do seu setor de atuação, já que algumas áreas, como saúde e finanças, possuem exigências adicionais.

Um equívoco comum entre empresas é presumir que a biometria pode ser utilizada indiscriminadamente para “facilitar” processos internos. Contudo, a lei é clara: a coleta e uso de dados biométricos devem atender a propósitos legítimos, proporcionais e claros.

Além do mais, é necessário garantir que os titulares sejam informados de forma acessível e transparente sobre como seus dados serão utilizados. A compreensão detalhada da legislação permitirá que a empresa desenvolva políticas internas robustas, evitando problemas legais e éticos no futuro.

Passo 2: realizar um mapeamento de dados

Uma das etapas mais importantes para garantir a conformidade com a LGPD é mapear os dados biométricos tratados pela empresa. Este processo consiste em identificar quais dados serão coletados, como serão armazenados, para quais finalidades serão utilizados e quem terá acesso a essas informações.

Por exemplo, se sua empresa utiliza reconhecimento facial para controle de acesso a ambientes, é fundamental documentar todos os detalhes desse processo. Quem tem acesso aos dados? Qual tecnologia está sendo utilizada? Onde esses dados são armazenados? Essas são apenas algumas das questões que devem ser respondidas durante o mapeamento.

Esse exercício não apenas ajuda a identificar riscos e lacunas nos processos, mas também é um requisito fundamental em auditorias e investigações legais. Um mapeamento bem-feito permite que a empresa demonstre proatividade e responsabilidade no tratamento de dados sensíveis. Não obstante, é a base para a implementação de medidas de segurança adequadas, que abordaremos nos próximos passos.

Passo 3: obter consentimento explícito dos titulares

A LGPD coloca grande ênfase no princípio da transparência, e isso é especialmente relevante no caso dos dados biométricos. Antes de coletar qualquer tipo de dado biométrico, é indispensável obter o consentimento explícito dos titulares. Mas o que significa “consentimento explícito”?

Significa que o titular deve ser informado de forma clara, objetiva e detalhada sobre os motivos da coleta, como os dados serão utilizados, por quanto tempo serão armazenados e quais são os seus direitos em relação a essas informações. 

Isso deve ser feito por meio de um termo de consentimento que seja de fácil compreensão, sem jargões técnicos ou cláusulas confusas. Ele não pode ser obtido de maneira coercitiva ou implícita; ele deve ser uma escolha consciente do titular.

Vale lembrar que o consentimento não é a única base legal para o tratamento de dados sensíveis. Dependendo do contexto, pode ser possível utilizar outras bases legais, como o cumprimento de obrigação legal ou regulatória. Contudo, em situações onde o consentimento é a base escolhida, ele deve ser documentado e armazenado de forma segura para fins de comprovação futura.

Passo 4: implementar medidas de segurança adequadas

A implementação de medidas de segurança robustas é essencial para proteger os dados biométricos contra acessos não autorizados, vazamentos e outras formas de tratamento inadequado. Essas medidas devem ser tanto técnicas quanto administrativas, abrangendo desde a escolha de tecnologias confiáveis até a capacitação de colaboradores.

Do ponto de vista técnico, é importante investir em soluções que ofereçam criptografia de ponta a ponta, autenticação multifator e sistemas de monitoramento contínuo. Além disso, é necessário garantir que os dados sejam armazenados em servidores seguros, preferencialmente localizados no Brasil ou em países que ofereçam níveis adequados de proteção de dados.

Do ponto de vista administrativo, a empresa deve estabelecer políticas internas claras sobre o tratamento de dados biométricos. Quem tem acesso a essas informações? Quais são os procedimentos em caso de vazamento? Como será realizada a revisão periódica dessas práticas? Responder a essas perguntas é crucial para criar um ambiente de segurança e confiança.

Conclusão

O uso de biometria pode ser um grande diferencial competitivo, mas sua implementação requer atenção cuidadosa às obrigações legais. Ao alinhar seus processos às exigências da LGPD, sua empresa não apenas evita sanções legais, mas também constrói uma reputação sólida em relação à privacidade e segurança de dados. 

Integrar as demandas da lei e biometria pode parecer desafiador no início, mas com as práticas corretas, sua organização estará bem preparada para lidar com os desafios e oportunidades dessa tecnologia avançada.

Ao seguir os passos descritos, você estará contribuindo para um ambiente de negócios mais seguro, ético e inovador. Isso demonstra não apenas conformidade legal, mas também compromisso com a proteção dos direitos dos titulares, o que é fundamental para o sucesso no mercado atual.

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